Militares especializados de todo o Estado e de corporações de todo país atuaram na tragédia


As chuvas de fevereiro e março que assolaram a cidade de Petrópolis, na região Serrana do Estado do Rio de Janeiro, já entraram na lista das maiores tragédias climáticas do país, com acumulados que chegaram a 259,8 mm em 24 horas, no dia 15 de fevereiro, e mais de 525 milímetros em 24 horas, no dia 20 de março. 
O Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro (CBMERJ) trabalhou, ininterruptamente, 24 horas por dia nas operações de busca e resgate de vítimas das fortes chuvas. Foram resgatadas 24 pessoas com vida nas primeiras 24 horas, no episódio do dia 15, e 34 no dia 20. Há registro de 241 óbitos, segundo dados compilados pela Polícia Civil. Hoje, os militares atuam na varredura de rios e no Alto da Serra, onde vítimas ainda são reclamadas. 

Uma média total de 500 militares atuaram diariamente nas ações de resposta ao desastre. A operação esteve distribuída por áreas críticas da cidade. Teve seu pico, no dia 17 de fevereiro, com mais de 100 pontos de atuação. As equipes trabalharam em pontos principais conhecidos como Morro da Oficina, Chácara Flora e  Vila Felipe.  O Posto de Comando central ficou no 15º Grupamento de Bombeiro Militar, quartel principal da cidade, de onde era feito todo o planejamento das ações. 

Profissionais especializados

O CBMERJ atuou em Petrópolis com uma força-tarefa que contou com equipes especializadas em busca com cães, em operações de salvamento em desastres, e em resgate em estruturas colapsadas. São militares altamente capacitados, que trabalham de forma encadeada, otimizando os recursos e diminuindo o tempo-resposta. 

As operações seguiram dia e noite. Os profissionais usaram equipamentos como balão de iluminação gerador, unidade rebocável de iluminação, refletores, headlamp e lanternas comuns. O protocolo exigiu, também, a presença de militares com apitos para casos de novos desmoronamentos.
O Corpo de Bombeiros fluminense contou com a ajuda de 19 estados mais o Distrito Federal, que trouxeram cães e profissionais para as buscas em estruturas colapsadas. Os animais atuaram como reforço fundamental para a localização das vítimas sob a coordenação do CBMERJ. 

–  A corporação atuou de forma estratégica, num ciclo operacional que permitiu às equipes o melhor desempenho. Com faro apurado, os cães foram capazes de reduzir a área de buscas, direcionando as equipes de salvamento para pontos específicos, onde havia real necessidade de concentração de esforços. Os militares especializados em salvamento em desastres definiram a melhor estratégia de retirada de entulhos, destroços e lama, de forma a manter a cena segura e garantir a chegada mais rápidas dos bombeiros às vítimas. Desta forma, otimizamos a utilização de recursos humanos nos locais – resumiu o secretário de Estado de Defesa Civil e comandante-geral do CBMERJ, Leandro Monteiro. 

Grupo de Resposta ao Desastre

A operação do dia 15 de fevereiro incluiu também a instalação de um Gabinete Integrado de Gestão de Desastres, no Colégio Estadual D. Pedro II, gerenciado pela Secretaria de Estado de Defesa Civil  (Sedec-RJ). O objetivo foi conduzir o planejamento das ações para retomar a normalidade da cidade de Petrópolis no menor prazo possível. A iniciativa reuniu, em um único ambiente, órgãos do Estado e do município de Petrópolis, além de empresas, Exército, Marinha e Polícia Rodoviária Federal, ou seja, todos os envolvidos na operação de resgate e atendimento às vítimas das fortes chuvas que caíram sobre a cidade. O Gabinete colocou em prática as definições do Plano de Contingência para Chuvas de Verão 2022, organizando o serviço e possibilitando agilidade no trabalho logístico de distribuição de suprimentos e o gerenciamento dos recursos e dos profissionais necessários para salvar vidas, incluindo voluntários.

No episódio do dia 20 de março, quando as chuvas foram concentradas em menos pontos, o CBMERJ ativou o Grupo de Resposta ao Desastre (GRD), no centro de comando que ficou instalado no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), de onde toda a operação foi monitorada. Mais de 100 militares de diversas unidades fluminenses foram acionados e ficaram de prontidão para reforço operacional não apenas em Petrópolis, mas também nas cidades de Angra do Reis, Magé, Teresópolis e Nova Friburgo, municípios que também registraram altos índices hidrológicos e grandes riscos geológicos.

Plano de Contingência para Chuvas de Verão

O Governo do Estado do Rio de Janeiro lança, anualmente, o Plano de Contingência para as Chuvas de Verão. O trabalho, desenvolvido de forma integrada entre diversas secretarias, traça protocolos para resposta rápida a emergências causadas por chuvas intensas no território fluminense. É formulado com base na análise de cenários de risco, no monitoramento constante de dados meteorológicos, hidrológicos e geológicos e na gestão inteligente de recursos, de forma articulada com os 92 municípios do estado. 

O Plano de Contingência 2021/2022 foi testado previamente no fim do ano passado, com o objetivo de capacitar os agentes envolvidos ao simular cenários de desastres. A Sedec-RJ recriou situações hipotéticas de chuvas intensas, com consequentes deslizamentos e inundações, para testar o processo de resposta. 

O exercício reproduziu o monitoramento das condições meteorológicas, com a evolução dos estágios operacionais e seus agravamentos; o envio de alertas para a população e os municípios; a mobilização das agências estaduais, das redes de voluntários e o apoio às prefeituras. Também foram estabelecidos gabinetes de crise: um tático-operacional e um de gestão política e estratégica. 

A atividade avaliou protocolos internos, o fluxo e o alcance das informações e a articulação entre os órgãos do Estado e os municípios. É uma etapa importante para alinhar e ajustar procedimentos e aprimorar os resultados.

Para o secretário Leandro Monteiro, essa integração é fundamental. 

 – Todos são parte da operação. O planejamento, o preparo e o empenho de todos os órgãos são os pontos fortes desta iniciativa. O Plano orienta o que deve ser feito e por quem em cada estágio de emergência, visando à volta ao estágio de normalidade e minimizando impactos. Ele é parte fundamental da estratégia da Sedec-RJ para o período de chuvas, que também inclui, entre outras ações,  o desenvolvimento de mapas que mostram os locais mais suscetíveis a ocorrências de movimentação de massas; a gerência de sirenes em localidades com risco iminente, o desenvolvimento de ferramentas para gestão da crise e a capacitação de agentes. Em Petrópolis, por exemplo, em menos de 12 horas, já havia várias secretarias atuando na mitigação dos danos na cidade – disse o secretário. 

Cemaden-RJ – monitoramento e alerta meteorológico

O Centro Estadual de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (Cemaden-RJ) segue monitorando, 24 horas por dia, as condições meteorológicas e os níveis pluviométricos no território fluminense, enviando alertas, para as regiões, em caso de riscos de deslizamentos ou inundações.

No dia 15, ainda pela manhã, a Sedec-RJ enviou SMS para todo estado, indicando previsão de chuva intensa, assim como recomendou ao município, durante todo o dia, o envio de avisos de riscos para deslizamentos, elevação expressiva dos níveis dos rios, enxurradas, enchentes e inundações – relatou, exemplificando o serviço, o superintende operacional da Sedec-RJ, coronel Alexandra Silveira. A partir das recomendações da Defesa Civil Estadual, o município de Petrópolis acionou 18 das 20 sirenes de alerta e alarme de risco no município no dia 15. O acionamento das sirenes e a desocupação de comunidades são de responsabilidade do órgão municipal de Defesa Civil.

Alerta por celular

A Defesa Civil Estadual envia gratuitamente, por celular, alertas de risco de chuvas fortes, tempestades de raios, ventanias, deslizamentos e inundações. O serviço é uma importante ferramenta na prevenção de tragédias e está disponível para toda a população. Para se cadastrar é preciso mandar um SMS com o número do CEP de interesse para 40199.